domingo, 25 de fevereiro de 2007

Bach-ião

bach-ião.mp3

domingo, 18 de fevereiro de 2007

O Figura


A artista plática Debora Muszkat me honrou com um retrato. Já compus obras dedicadas a pessoas ou inspiradas por elas, mas esta é a primeira vez que me fazem uma Oferenda (Visual) tão digna de orgulho.

Debora é criativa e generosa. Segundo a cancionista Vanessa Bumagny, ela conseguiu me deixar bonitinho (olhaí a generosidade). E um amigo gay disse que fiquei 'pintoso' (ou era 'tiposo'?).

Apesar de minha vaidade agradecer a melhora de aparência (se é que melhorou mesmo: pedi para ver o antes e o depois, os feios são os mais suscetíveis), o que mais me agrada no retrato é a criatividade. Ela se fixou no subtítulo do blog, mais precisamente na palavra 'figura', e retratou um cara que se diz deprimido, mas posta uma foto sorrindo, que se revela fragilizado, mas não se nega a mostrar o muque e expor vaidosamente suas conquistas. Quem é o membro de torcida uniformizado posando em frente a um bule com florzinhas?

Parece que ela vê (lê) um aspecto no blog que aprecia: o paradoxo, como o da famosa frase grega "eu sou mentiroso".

Eu sou deprimido?

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Santos Futebol Daspu e das Palavras Lindas



Um amigo meu, que se apaixonou por uma prostituta chamada Vivi, fez um haicai pra ela que até ficou bonitinho:



Como Vivi vive
Com Vivi vivi
Como vive Vivi

Vivi é um apelido legal, uma palavra bonita: voce troca o acento tônico de sílaba e o verbo muda de tempo e de pessoa.

Vocês viram o que a outra Vivi fez? Para quem não sabe, minha assistente, 21 aninhos, resolveu lançar este blog sem que ele e eu estivéssemos prontos. Ela o lançou assim mesmo, pois lhe deu na telha que eu estava demorando demais pra fazê-lo.

Uau, empurrãozinho de assistente: já não basta o dos amigos, do chefe, do analista, da mãe e até do filhinho. Agora a assistente, que deveria apenas seguir ordens, põe em curso algo que eu devo seguir. Bacana. O pior é que ela fez um monte de fãs e recebeu agradecimentos, o que não deixa de me ser lisonjeiro. Mesmo assim, como sou vingativo, aqui vai o endereço do blog dela: www.costurasdavivi.blogspot.com. Costura? Acho que é isso que ela mais gosta de fazer, ir costurando as coisas.

Mas comecei com o nome Vivi porque sou muito ligado aos sons das palavras, nos bonitos e nos feios. Acho ‘tomara’ e ‘oxalá’ tão lindas, e ainda têm o mesmo significado!, que resolvi juntá-las em ‘tomara-oxalá’. O mesmo com bumblebee e mamangaba, que significam o mesmo tipo de besouro, diferente de beetle, beatle, em português e em inglês. Se eu tivesse uma banda hoje em dia, ela se chamaria Bumblebee Mamangaba. Puta palavrona, bonita e feia ao mesmo tempo.

E há os palavrões. Adoro palavrão. Às vezes, há certas situações em que só um palavrão. Os meus preferidos são filho-da-puta e bosta. Acho que nada desqualifica mais um sujeito do que chamá-lo de bosta. Fulano é um bosta! ‘Merda’, de mesmo significado, não tem o mesmo efeito: ‘fulano é um merda’ é bostinha perto de ‘fulano é um bosta’. Já, filho-da-puta, dado ao Édipo ímplícito e à adoração à mãe em quase todas as culturas mais ou menos civilizadas, serve para quase qualquer situação.

Como professor, gostar de palavrões é um problema. Não permito palavrões em sala de aula nem que a vaca tussa e vá para o brejo. O motivo: desconcentra. A classe vira um boteco: risadas, risadinhas e comportamentos de cambada, típicos do lado negro da alma humana coletiva. A classe de aula é um templo, um ambiente consagrado ao estudo. Aula –- e principalmente aula de música –- precisa de uma concentração budista e um silêncio de cemitério. Senão, não afina. Afinar é concentrar a energia numa mesma nota, ir afinando-se, refinando-se a ela. O mesmo com o ritmo, embora ritmo e nota ocorram como percepções e cognições diferentes, mas não vou entrar nisso que Educação Musical não é o tema deste blog.

Eu não digo pro alunos que falar palavrão é feio, ou que é falta de educação (embora seja na maior parte das vezes) porque moralismos fútei-pífios não educam. Até lhes digo que ‘às vezes, só um palavrão’. E mostro que há lugares próprios para o palavrão, como a arte, a piada e certos tipos de textos, por exemplo, os escritos por um deprimido que acha viver duro pra caralho. Mas não cito os meus textos, como exemplo de lugar próprio para palavrão, pois eles viriam correndo para cá. Diminuiria a minha autoridade em sala de aula, mesmo que meu argumento para não usar palavrão ali, ‘não pode porque desconcentra’, seja bom e eles embarquem. Criança odeia moralismo.

Para a defesa física, palavrões são importantíssimos. Aquele amigo, o que se apaixonou por Vivi, aquela, hospedou-se uma vez num hotel barato, de passagem por Nova York, numa parte baixa, downtown, área meio barra pesada. Ele estava com pouca grana e seria apenas uma noite, antes de voltar pro Brasil. De madrugada, começam a bater fortemente na porta. Ele acorda assustadíssimo e, instintivamente, solta uma metralhadora de palavrões brasileiros misturados com uns americanos. Aos gritos e aos berros. A música do palavrão, em qualquer língua, é universal. Fosse quem fosse que esmurrasse a porta, parou imediatamente. Foi útil.

E há as palavras lindas... Adoro, entre tantas em várias línguas, uma inglesa: blooming. To bloom quer dizer florescer. Na primavera, the flowers bloom. Elas não boom, que é som de bomba ou de qualquer tipo de explosão, que mata gente ou faz nascer um monte de gente, ambos, efeitos nefastos. O ‘l’ ali no meio faz toda a diferença. As flores... bloom! Flores, flowers e blomm tem consoante seguida de ‘l’. Suaviza e explode ao mesmo tempo. Lembro do político de Chico Anísio (gênio? ou só eu que acho?) dizendo ‘pobre, eu quero que se exploda’, o ‘plo’ parecia uma explosão, mas era piada.

O Santos começou blooming contra o Blooming da Bolívia, e só vai parar de bloom quando campeão da Libertadores e do mundo. E será contra o Real Madrid, se Deus quiser. O Luxa Boca-Suja deseja isso como vingança. Vingança, na medida certa, é coisa boa, civilizadora. Jesus errou feio no 'dai a outra face'. Ainda bem que arrasou no 'ame o próximo como a ti mesmo'. Jesus usava umas palavras fortes. Contra os mercadores do templo, não creio que tenha ficado só em ‘mercenários, ladrões, hipócritas’, eufemismos de 'seus bostas'. Jesus era chegado numas prostitutas! Tinha razão: prostitutas são gente fina.

E o Santos será campeão do mundo contra o Real Madri do carcamano mais cara de carcamano que já vi, Fabio Capello, muito mais carcamano que minha nova identidade secreta, Hermelino Mantovani. O Real fugiu do Santos em 62 ou 63, mas não poderá fugir neste final de ano. Um dia conto a história de 62 ou 63 que é legal pra caramba (eufemismo de caralho, mas bem mais bonito que caralho, embora um caralho bonito seja útil etc et tal).

Luxa Boca-Suja só não arrasou no Real porque deu uma de novo rico, e parou de mandar palavrões da beira do campo. Quem é bom profeta proferindo palavrões, se entrar numas, perde o dom das santas sacadas. Um pensamento Daslu assolou o Luxa: "onde já se viu xingar o bonitinho do Beckham e o educadinho do Zidane da beira do campo?" Putz, logo o Zidane que perdeu uma copa do mundo ao perder a cabeça e liberar uma cabeçada, golpe típico de hooligans e delinqüentes europeus!! E o Beckham que usa a calcinha da Victoria (o que é muito simpático de sua parte, mais ainda se usasse a mini saia)! Aqui no Brasil, o Luxa nunca poupou craque nenhum: claro, oficorçe, pudera, vieram da mesma favela. Lá, ele deveria ter gritado "Beckham, seu filho da puta, se você não acertar essa porra dessa bola, vou fazer você comer uma dúzia de calcinhas de camelô da Praça da Sé". O erro foi este: podia ter xingado os cara de filho-da-puta-do-caralho que eles nem iam entender mesmo, mas iam jogar como o Santos está jogando. E mandar tirar o microfone ambiente de perto. Quando o cara não é o que é, é foda, ou melhor, não é foda, porque foda é coisa boa.

Uau, viajei legal: já tô no Japão, em dezembro de 2007. Janeiro mal terminou... Deixa eu voltar pra deprê, que mania é muito mais perigoso. Que o digam os apaixonados. E as prostitutas. Prostituta que se apaixona por cliente tá fodida. E vice-versa.

Associação livre é um barato, Freud foi grande até nisso. Acabei de ter uma: vocês já repararam como a Bruna Surfistinha, que é órfã e adotada, é a cara da Tanchesi, dona da Daslu. Será que a Eliana Tanchesi é a verdadeira mãe da Surfistinha? Será que, inconscientemente, a Tanchesi quis negar sua vergôntea quando tentou impedir a marca Daspu?

Putz (eufemismo de puta, como ‘nossa’, e suas versões invocadas ‘nessa’ e 'nessss', são eufemismos invertidos de Nossa Senhora. Você conhece quem diz ‘nessa’ em lugar de ‘nossa’? Fica bom, pois dá uma sujada no ‘nossa’. Sujar é a base dos eufemismos invertidos, que devem ser figura de linguagem com nome e tudo o mais, quem souber que me ilustre. ‘Nessa’ e 'nesss' ficam ainda mais longe de Nossa Senhora do que ‘nossa’), putz, hoje eu tô qualquer nota. Mas mantendo o ritmo.

É culpa da Vivi, a minha, se não fosse por ela, eu não teria que escrever nada hoje, que estou deprê pra caramba. Agora me obrigo a seguir a tradição da coluna na Folha Online, pois a Vivi quer manter isso de mandar um texto na segunda-feira pros deprimidos começarem bem a semana. A gente não estava pronto, o blog, eu e ela própria: por exemplo, faltava um endereço para quem não quisesse postar comentários públicos, além de um tal de RSS que serve para o cadastro de pessoas que queiram ser informadas quando houver novas postagens. Já anotei o (velho) email pessoal no ítem Comentários pessoais, na coluna da esquerda, mais embaixo, mas até agora nem ela nem eu aprendemos a programar o RSS.

Mesmo assim deve ser melhor do que pior ter uma assistente meio fanzoca e metida a besta.

Viva Vivi
A outra também
Que viva bem