sexta-feira, 30 de março de 2007

Um comentário só, mas que comentário!

Ando meio sorumbático, borocochô, jururu: as três últimas postagens receberam... zero comentários.

Mas eis que alguém com esse nome, que nome!, Satíe, me escreve no email pessoal, depois de tentar postar infrutiferamente um comentário no blog. Satíe me lembra, músico de carteirinha universitária que sou, Eric Satie, o único compositor francês com senso de humor da história da música. Talvez o único francês com senso de humor.
Uma vez, alguém encontrou Eric Satie nos corredores de um teatro, onde estreava uma nova obra de Debussy. "Uê, você já saiu? O concerto mal começou..." E Satie respondeu "já ouvi a exposição (o tema). Agora, ele (Debussy) vai começar a desenvolver." Isso é tão legal: desenvolvimentos podem ser muito chatos. Eu, pessoalmente, não agüento Debussy, acho tudo longo e sério, poético, mas sem graça. Não que tudo precise de humor, mas graça é outra coisa. Ninguém do meio vai concordar com isso. Debussy é Deus para os músicos. É o melhor compositor para Ricardo Breim. Mas graça é bom. Brigitte Bardot.

Outros gênios em que eu mandaria uma tesoura braba são Beethoven e Brahms. Na verdade, não sei se Brahms é gênio. Se calhar, um dia faço um projeto para editar minhas versões definitivas de várias obras de Beethoven. Elas iam ficar bem mais curtinhas. Não tanto quanto as pérolas de Satie.
Em outra passagem, Debussy diz a Satie que ele é talentoso, tem boas idéias, mas precisa desenvolvê-las mais, pois as peças são sempre curtas. E também que precisava cuidar mais da forma. A forma é muito importante em música pura (sem letra, filme, dança, teatro), que não tem conteúdo (traduzível verbalmente). A resposta à "lição" de Debussy foi um conjunto de peças em forma... de pêra. Todas as peças apresentam uma parte grossa, densa (sonoramente falando, claro) e depois decrescem e terminam num... rabinho. Coda, a parte final das músicas que têm coda (item nem sempre usado nas Formas Musicais), em italiano, o idioma das partituras, quer dizer rabo. As peças são engraçadas. Pena que não tenha alguma aqui para postar. Só pérolas.

Agora, uma Satíe, um mulher chamada Satíe, me manda uma pérola. Um comentário desses já estaria bem bom para cada postagem:

"Oi Mestre, entrei com comentário no blog, mas continua aparecendo 0 (zero) comentário. Só cabem 300 caracteres, ficou assim: Ai que delícia de texto! Gosto de escritores que exigem de seu público agilidade mental, intelectual. A movimentação é tanta no tempo, nas observações intercaladas, que chego a sentir a produção de endorfina, dopamina, serotonina lá no cérebro. Resultado: estou ficando viciada neste blog.

Se coubesse mais, ainda emendaria: E ainda esse olhar masculino vem falando de questões de amor que, prá discutir com parceiro, é preciso agendar alguns dias antes, sinalizando com um delicado pedido de DR (discutir relação). Ai da minha depressão, que não tem sossego...

Bom agora tenho q aguardar o próximo capítulo sem ansiedade, tipo anestesia mental. Por falar em malabarismos mentais, vc já assistiu Quem somos nós? What the bleep do we know? Um filme q fala sobre descobertas recentes sobre o funcionamento/comportamento do cérebro. Também rende assunto... Super beijo, com admiração, Satíe."

O Satíe dela tem acento. Gostei assim.
Que será que está acontecendo com o blog? Será que mais gente quer comentar e não consegue? Por favor, não me deixem sozinho (disse, uma vez, o brasileiro mais sem graça da história do Brasil. O único brasileiro sem graça). Não saberia corrigir o problema, agora que Vivi me deixou para se dedicar à alta costura (www.costurasdavivi.blogspot.com): não tenho a libido da informática. Façam como Satíe, escrevam para o hermelinodepressaoefama@gmail, que substituiu o velho nederman@that.com.br.

Vou dar uma liçãozinha de música: quer um exemplo de forma musical? Este texto tem forma musical: vários elementos que se repetem, alguns que não se repetem, mas que são mais curtos que os que se repetem, os mais importantes. A forma está meio defeituosa, como as pêras de Satie. A introdução está muito longa, e o tema principal, a mensagem da Satíe, demora muito para entrar. Mas texto em prosa não é o melhor lugar para se fazer forma musical. Textos têm conteúdo. Eles precisam de menos forma que as músicas. Se começar a fazer muita forma, vira poesia, a melhor tentativa da fala de se aproximar da forma musical. Coitada da poesia. Nesses termos, é claro.

Será que a liçãozinha é a coda? E esta última pergunta?

domingo, 25 de março de 2007

Fair em My Fair Lady



"O amor é prepotente: sempre acreditamos poder transformar e corrigir o objeto amado", diz Contardo Calligaris no seu artigo My fair lady, sobre o musical famoso, em cartaz em São Paulo.

Atualmente posso copiar Contardo descaradamente, como já tive vontade de fazer na antiga coluna na Folha Online, pois em blogs, linkar e copiar parecem mais fair (correto) do que numa coluna. Mas a gente copia e linka o tempo todo, na vida e na arte. Com um pouco de elegância e criatividade, tudo bem. Como na seqüência Pigmalião, tragédia grega; Pigmalião, peça de Bernard Shaw; Pigmalião, versão cinematográfica da peça, de 1938; My fair lady, o musical; e My fair lady, o filme musical homônimo, ganhador de oito Oscars em 1962.

Contardo diz que a história de My fair lady "pega" fundo nele. Em mim também. E no meu aluno-amigo, Pedreg, o Grande, que me enviou o texto de Contardo, e que passa metade de sua aula semanal de uma hora e meia conversando comigo sobre relacionamentos amorosos. Nossas aulas são sessões de música, terapia e filosofia. Para ambos. No seu último aniversário, dei-lhe de presente o filme octa-oscarizado.
Falando em Oscar, Ennio Morricone finalmente ganhou o seu em 2007, pelo conjunto da obra, o que foi finalmente fair (justo) para um dos maiores compositores de trilhas sonoras vivos. Seu Oscar valoriza o prêmio que ganhei pela trilha sonora de A dama do Cine Shanghai concorrendo com a sua para Time of destiny. Sou bom pra caramba, pouca gente sabe, que se vai faiz?, e não me deprime nem um pouco contar vantagens de meus pequenos feitos, já que ninguém conta. A crítica ainda não foi fair (objetiva ou generosa) para comigo, ainda que por ignorância e devido à minha total falta de jeitinho para me promover. Sou prepontente, antipático, metido a besta, sempre que menciono minha pequenas glórias e vivo fazendo isso, insinuando as minhas conquistas. É muita vontade de ser famoso, o que é feio, mas acho mais feio (e deprimente) que minhas conquistas não promovam outras conquistas, nem que fossem admirações diminuídas por minha deselegância ao insinuá-las.

Mas voltando, e copiando longamente Contardo: "My fair lady é um clássico, que encena fantasias que habitam a mente de todos nós. A história é conhecida: o professor Higgins encontra uma pobre vendedora de flores, estigmatizada por suas maneiras, sua gramática e sua pronúncia. Ele aposta que a transformará em uma 'lady' com um curso intensivo de poucos meses. O mesmo professor, celibatário rabugento, aproveitará o curso para aprender algo sobre sentimentos (...) My fair lady é uma Cinderela em que acontece uma troca extraordinária entre um homem e uma mulher, cada um transformando o outro. Voltemos ao mito que inspirou Bernard Shaw. Pigmalião era um escultor que se apaixonou perdidamente pela figura feminina que ele mesmo tinha esculpido. Afrodite ouviu suas súplicas e deu vida à estátua. Não se sabe se Pigmalião ficou feliz com essa dádiva ou se, ao longo do tempo, ele lamentou a época em que sua amada não tinha vida própria. Detalhe inquietante: Pigmalião criou a estátua e se apaixonou por ela porque desgostava das mulheres reais, que lhe pareciam indecentes (animadas por desejos autônomos). A psicologia clínica usa o termo "pigmalionismo" para designar 1) a conduta erótica, um pouco estranha, de quem se apaixona por estátuas e as deseja; 2) num sentido mais amplo, a paixão pedagógica e erótica do sujeito que sonha com um objeto de amor e desejo que ele mesmo moldaria. A psicologia experimental, nas últimas décadas, confirmou e debateu o 'efeito Pigmalião': quando os professores esperam um grande progresso de seus alunos, os alunos progridem duas vezes mais rápido. O desempenho do aluno é proporcional às expectativas do professor. Aos 20 anos, leitor assíduo de Ronald Laing e devoto da antipsiquiatria italiana, eu devaneava que, um dia, encontraria uma jovem esquizofrênica e catatônica: pela mágica de meus cuidados, eu lhe devolveria a fala e a vida. No processo, eu me apaixonaria por ela, e ela por mim; viveríamos felizes para sempre. Portanto, confesso: já fui pigmalionista e já apostei na força curativa do 'efeito Pigmalião'. Mas a história de Pigmalião não se aplica apenas em casos de extremismo pedagógico e terapêutico. Qualquer um de nós desejou e deseja transformar o objeto amado. O amor é prepotente: idealizamos o outro e acreditamos firmemente que ele ou ela se emendarão. Somos convencidos de que o outro amado carrega todas as qualidades que nossa paixão lhe atribui: elas estão escondidas, atrás de uma 'deformação' que será corrigida pela virtude de nosso amor. Com isso, o amor desafia diferenças extremas, étnicas, culturais, religiosas e sociais. Um amigo carioca, aliás, me disse uma vez, brincando, que, se não tivéssemos uma fé desmedida no poder transformador do amor, se fôssemos 'sensatos', homem só casaria com homem, e mulher com mulher. Resta que, quando escolhemos nossa parceira ou nosso parceiro apesar de diferenças que nos incomodam, e confiantes nas mudanças que virão, as chances de durar são pequenas. E grandes são as chances de que a vida em comum vire, rapidamente, um inferno. Mas é uma constatação que não inspira ninguém: o amor pensa o contrário, e esse é o mito de My fair lady. A peça de Bernard Shaw termina 'mal' (Eliza não casa com o professor Higgins). My fair lady, aparentemente, termina bem. Mas considere a última cena e, honestamente, pergunte-se: como essa história vai acabar?"

Tenho pouco a acrescentar: o amigo carioca que disse que "se não tivéssemos uma fé desmedida no poder transformador do amor, se fôssemos 'sensatos', homem só casaria com homem, e mulher com mulher" acerta a trave. Mulher não casaria nunca com mulher: elas se acham 'tudo falsa', como mostro no post anterior. Tenho pouco a acrescentar, mas um 'pouco' bem bacana. Veja:

Fair significa imparcial, além de benevolent, blameless, candid, civil, clean, courteous, decent, disinterested, frank, generous, good, honest, honorable, just, lawful, legitimate, moderate, nonpartisan, objective, open, pious, praiseworthy, principled, proper, reasonable, respectable, righteous, scrupulous, sincere, straight, temperate, trustworthy, unbiased, uncolored, uncorrupted, unprejudiced, upright, virtuous. Ou seja, nada a ver com a 'beleza física' das versões brasileira, Minha Bela Dama, e portuguesa, Minha Linda Senhora, para o título do filme. Geralmente essas versões são risíveis, mais as portuguesas do que as brasileiras, claro. Mas nesse caso, acho legal. Pois quem se torna cândido, decente, franco, generoso, desinteressado (sou muito deselegante ao usar o blog para me promover e me vingar, como se verá a seguir), honesto, honrável, justo, moderado, objetivo, aberto, piedoso, apropriado, sincero, direto, incorruptível, torna-se amável e, como conseqüência, lindo para quem o ama. Ou outro clássico, A Bela e a Fera, não seria clássico.

Uma mulher -- aliás, ligada a musicais (músicos, já afirmei alhures, podem ser profundamente ignorantes, apesar da aura especial) -- que tentei transformar com minha prepotência amorosa não adquiriu nenhuma daquelas características, mas continuou linda e desejável fisicamente. Usou sua beleza para se vingar, me traindo apesar de me amar, e sua 'imexível' deslealdade para conquistar meu rancor eterno. Ela se vingou, entre outros erros meus, de minha tentativa de tranformá-la. No que fez muito bem, me fez muito bem, aprendi como cachorro, esse o nosso link com o mundo animal, aprender apanhando. Aprendi: a gente não muda ninguém. Por isso, My fair lady não poderia dar certo fora da ficcão e do mito e, também por isso, sei responder a última pergunta de Contardo: vai dar merda.
A fala é fundamental na transformação de uma pessoa, e esse é o aspecto mais profundo da peça Pigmalião, como sabe qualquer seguidor de Freud, o fundador da cura pela fala. Contardo, psicanalista, deixou passar essa. Como sou prepotente, aponto o lapso e, deselegantemente, me aponto elegante por não apenas copiá-lo. Mr Higgins, uma espécie de linguista, acreditava que se ensinasse a inculta Eliza a falar corretamente, a ensinaria a ser fair. Só deu certo na visão hollywoodiana.

Eu tentei, não funciona. Minha semi-analfabeta demorou dois anos para reconhecer que "vou estar enviando" é deselegante e feio pra burro. E, mesmo me fazendo o bem da traição, o fez de maneira profundamente unfair (desleal).

domingo, 11 de março de 2007

Sermão e atestados de normalidade grátis



Querida leitora,

Não usei seu nome por razões óbvias: você preferiu escrever para o velho nederman@that.com.br em vez de postar um comentário público. Mas, usei ‘querida’...

Há muitas mulheres com problemas com as mães. Freud afirma que a relação entre a mãe e seu filho homem é um caso único, entre todos os tipos de relação. Não sei o que isso acarretaria para as filhas mulheres. Por exemplo, os analistas comentam que as mulheres têm um senso ético menos estrito que os homens, ou seja, elas tergiversariam -- se permitiriam não fazer a coisa certa, usariam de evasivas, rodeios, subterfúgios -- mais do que eles. Especulo se isto estaria relacionado com aquilo. Eles dizem, de uma maneira até que bonitinha, que "o senso ético das mulheres é mais elástico que o dos homens", comparando pessoas éticas de ambos os gêneros, claro, não uma mulher ética com um homem corrutpo ou vice-versa.

Agora, que é muito comum mulher dizer que 'mulher não é amiga de mulher' ou que 'mulher é tudo falsa', ah isso é. Pudera: se todas as mulheres que tiverem irmãos, crescerem com a impressão de que não se pode confiar totalmente na mãe, que começo de relação entre mulheres! E elas dizem também que 'homem não presta e são todos iguais'. Uau, a relação especial da mãe com o filho homem explicaria tudo isso. Ou não? Especulo.

Outra diferença é que as mulheres amadurecem mais rapidamente que os homens. É algo que posso confirmar como professor tarimbado de uns trezentos alunos crianças a cada ano. As mulheres são alunas mais maduras, mais agradáveis. Entretanto, se posso confirmar o amadurecimento mais ágil das mulheres, também aqui só posso especular que ele estaria ligado à relação especial entre a mãe e o filho homem: os homens sairiam prejudicados porque são poupados pela mãe mais que as mulheres.

Mas o importante é que, independentemente de sermos homens ou mulheres, há "conseqüências" comuns para os dois gêneros, pelo simples fatos de sermos... filhos. O texto de Freud que leio no momento, O mal estar da civilização, trata entre outras coisas, do conflito inevitável entre o amor e a agressividade que nutrimos por nossos pais -- que nos amam, mas nos proíbem de fazer tudo o que nossos instintos exigem --, conflito que dá origem ao sentimento de culpa.

Se Ele (com maiúscula, pois para mim, Freud é o Messias que os judeus ainda esperam: não o reconheceram como tal, quando caminhou entre nós, e nem depois) estiver certo, a ambivalência de seus sentimentos, querida leitora, em relação a sua mãe não vai acabar nunca. Talvez a análise e a idade nos ajudem a sofrer menos, mas escapar totalmente dessa ambivalência é coisa que nem filhos de pais amorosos e maduros conseguem. É da própria natureza da psique humana.

E é melhor que seja assim.

Se não desenvolvêssemos o sentimento de culpa, poderia ser pior: nos tornarmos psicopatas, criminosos, ou neuróticos do tipo que culpa os outros por tudo, pois não introjetou o conflito (no formato) do sentimento se culpa. Faríamos parte do grupo dos corruptos e adúlteros, ou seja, pessoas cujos instintos (de se dar bem na vida, de ter prazer) são reprimíveis apenas de fora para dentro, pelo outro, pela 'autoridade': se minha mulher não souber, tudo bem eu sair com outras; se a polícia e a imprensa não souberem, tudo bem eu desviar grana pública. O cara, por si só, não consegue se reprimir, não pode antecipar a culpa. É uma pessoa pouco desenvolvida, não entende o que seus atos podem causar e, a pior conseqüência, não pode assumir a própria vida.

Você diz que sua mãe culpa os outros o tempo todo. Tenho dois comentários sobre isso, um é especulativo, mas do outro, tenho certeza: primeiro, ela também é a filha mulher de uma mulher; segundo, ela é menos desenvolvida que você, que sofisticou-se com o chamado ‘superego’, que se constrói com o sentimento de culpa. Em tribos primitivas, quando alguma coisa dá errado, ou seja, quando o sujeito passa por um infortúnio, ele espanca o fetiche (um tipo de 'santinho', de imagem sagrada). A culpa está do lado de fora, é do fetiche! Faz como as mulheres que deixam o Santo Antonio de cabeça para baixo enquanto não arranjam casamento, não é? A contrapartida disso é que a repressão (sã) também só vem de fora.

Claro que sentimento de culpa exagerado é fonte de sofrimento exagerado. Há até um apelido que os analistas usam para esse nível de auto-repressão: superego cruel. A boa auto-repressão, o sentimento de culpa num nível legal é saudável, é civilizado, é a base da felicidade possível.

Portanto, se entendi bem o que você e Freud escreveram, tenho uma boa notícia. Você é normal por se sentir assim: "às vezes sinto indiferença por tantas atitudes dela, que me parecem dispensáveis. Sinto raiva e desprezo também. E sinto amor e desejo de amá-la. Sinto vontade de dizer-lhe: pára pra olhar quanta dor você causa à tua volta! Tenta aproveitar os teus últimos anos de vida! Toma remédio pros nervos. Fica numa boa, como diz o teu neto. Mas sei que ela vai me mandar a merda!”

Se tiver algum amigo que precise de atestado de normalidade por se sentir como você, não se avexe de mandá-lo escrever para mim.

Beijo do Hermelino

sexta-feira, 2 de março de 2007

Ponto X


PontoX.wma

Esta expressão informática aí em cima, PontoX.wma, não parece um link, pois não está sublinhada, mas é: clique nela e você ouvirá este pobre diabo, que lhe remete esses mal traçados posts, a cantaire 'Ponto X', parceria com Luiz Pinheiro e arranjo onze para piano de Ricardo Breim. Onze é dez + 1, o máximo mais um, a nota máxima que dou a alguém ou a alguma coisa.

'Ponto X' é a faixa de abertura de 'Cássia secreta', o CD que Luiz Pinheiro e eu lançamos com as nossas canções que Cássia Eller cantava. Quando o disco já estava pronto, Eugênia, sua famosa e doce companheira, nos contou que Cássia gostava de cantar 'Ponto X' na intimidade do lar. Então resolvi que eu, finalmente, cantaria uma das faixas do CD.

Abaixo vai a letra e as cifras para acompanhamento, como o próprio Breim anotou a partir da harmonia original, levemente alterada por ele, que não é desses arranjadores estúpidos que crêem que a primeira coisa que se deve fazer, ao arranjar, é mudar a harmonia do compositor e enfiar uma levada da moda, muderna, americana.

Breim, o mestre, o profundo, o melhor músico entre todos os que conheci, ouve a canção. Ouve-a e entende o que ela pede. E, então, faz isto: obedece a canção.

Ponto X
(Hermelino e Luiz Pinheiro)

Am
---Que menina!
G4 ---------------- G ---------- Bb
---Por que me seduz com um jeito
------------E7 --Dm/F
---Tão Marilyn
E--------------------------------- Am -- Em F7M
---Que será que você quer de mim?
---------Am
---Esses olhos
G4 ----------- G ------ Bb
---Procuram o ópio em fitas
----------- E7 -- Dm/F
---De cinema
E - Dm7 ----------------- Bb7 Am
---Cair na real é um problema
Em7(b5)/A -------------- A
---Sonha com junkies em berlins
-------------- Bm7(b5)
---Dietriches, james deans
E7
---Em cores e efeitos
Am ------ F#m7(b5)
---Audiovisuais
--------- B
---Especiais
------ Dm6 E
---Demais
Em7(b5)/A --------------- A
---São tantos filmes em cartaz
-------------- Bm7(b5)
---Que te alucinam
E ------------ Dm6 -- E
---Gata, tudo isso é lindo
Am -------- F#m7(b5)
---Mas decidi
---------------- B
---Eu não vou mais
-------- Dm6 E
---Mentir
-------- F
---Pensar em mim
------- E4 E
---Preciso
-- F
---Eu já sei
---------------- B7/F
---Agora eu cheguei
------------- E -- Dm/E -- E
---Ao ponto X
-------- F
---Pra ser feliz
----- E4 -------- E
---E vou ser sim
-- F
---Sem você
------------------ B7/F
---Mesmo com você
--------- E -- Dm6 -- E
---Até o fim