domingo, 1 de abril de 2007

Minha seleçao brasileira preferida de todos os tempos só com quem vi jogar pela TV

No século passado, o vinte, aprendemos muito com as mulheres: descobrimos e passamos a assumir e amar o nosso 'lado feminino'. Hoje, as coisas mudaram, como sempre mudam, e está na hora de as mulheres aprenderem algumas coisas com os homens. Por exemplo, a ter um senso moral menos aberto, mais estrito (não estreito), menos 'tergiversante' e... a amar o futebol.

Taffarel; Carlos Alberto, Aldair, Lúcio e Roberto Carlos; Dunga, Clodoaldo e Rivelino; Tostão, Romário e Pelé: homens comuns que se transformaram em heróis imortais e nos ajudaram, como ninguém, a superar a depressão cultural portuguesa e escrava.

Preciso fazer justiça à emoção gravada em minha memória por outros além dos meus onze primeiros. Felipão, meu técnico preferido, o mais emocionante e emocionado que já vi no banco brasileiro e, ainda assim, esperto, matreiro, racional 'professor'. O mais corajoso: não se intimida com os semi-deuses em que os homens comuns imaginam se tornar quando ficam (apenas) muito famosos.

Minha memória emocional não tem uma seleção reserva completa, outros onze. Mas reserva sentimentos de glória e alegria para outros como Branco, o herói contra a Holanda em 94; Gérson dos lançamentos artísticos; Jairzinho, que Pelé não se cansa de creditar como fundamental para o título de 70; Marcos, o santo guerreiro do gol no Japão coreano; Ronaldo, o maior personagem trágico de filme norte-americano do futebol brasileiro, talvez de toda a nossa história; Bebeto, o Sancho Pança de Romário; Ronaldinho Gaúcho, do meu desencanto em 2006, mas também do gol de falta espiritual contra a Inglaterra em 2002, quando ganhamos aquela copa; Rivaldo, a luz de 2002, que a depressão apagou.

"Eis a caridade que nos faz o escrete: dá ao roto, ao esfarrapado, uma sensação de onipotência", escreveu Nelson Rodrigues na crônica O escrete precisa de amor, republicada no livro A pátria de chuteiras (Cia das Letras, 1994, p. 110-111).

E essa não é a sua crônica constitucional, aquela que todo brasileiro precisa ler (mesmo livro, p. 79-82), em que mostra como Garrincha acabou, em 62, com o nosso complexo de vira-lata . Essa crônica, O escrete de loucos, deveria ser mais obrigatória em nossas escolas que o Hino Nacional.

A glória de nosso futebol nos salvou e continua a nos salvar do gene da depressão eterna, de alma lusitana e de banzo de navio negreiro. Todo nosso orgulho perante o mundo emerge dos pés de nossos heróis no esporte mais importante de todos; de certa maneira, a mais importante atividade humana, a mais valorizada, vista e comentada, adorada pela maioria no planeta.

2 comentários:

anna disse...

minha seleção brasileira predileta é a de purtugal, que meteu 4 na bégica. tudo bem, time de ogros sem cintura, desses belgas,mas se conseguissem fazer o jogo aéreo, purtugal dançava.
vi, in loco, num estádio sem fosso e grades entre os adeptos (como torcedores são chamados) e o campo, na terceita fileira, no meio do campo.
e ainda com direito a gol de trivela do quaresma!

Hermelino Mantovani disse...

Anna, que Anna é você que prefere a seleção de Portugal? Tá certo que nossa seleção, hoje, está longe dessa que escalei, e que o técnico que escalei está em Portugal. Mas, desculpe perguntar, você é brasileira, portuguesa?