sábado, 1 de setembro de 2007

Depressão e fama

Fama é felicidade testemunhada, acompanhada. Depressão é infelicidade solitária.

Deveria ser o contrário: felicidade solitária, íntima. E infelicidade acompanhada.

11 comentários:

Leituras disse...

Os romancistas ingleses, mais do que outros, cultivaram o romance de high life, e os franceses, que - como Custine - quiseram escrever especialmente romances de amor, tiveram o cuidado, de início e muito judiciosamente, de dotar suas personagens de fortunas bastante consideráveis para pagarem sem hesitação todas as fantasias; em seguida, dispersaram-nas de qualquer profissão. Esses seres não têm outra ocupação senão cultivar a idéia do belo em suas próprias pessoas, satisfazer suas paixões, sentir e pensar. Possuem, a seu bel-prazer e em larga medida, tempo e dinheiro, sem os quais a fantasia, reduzida ao estado de devaneio passageiro, dificilmente pode ser traduzida em ação. Infelizmente é bem verdade que, sem o tempo e o dinheiro, o amor não pode ser mais do que uma orgia de plebeu ou o cumprimento de um dever conjugal. Em vez da fantasia ardente ou sonhadora, torna-se uma repugnante utilidade.
Se falo de amor [a propósito do dandismo], é porque o amor é a ocupação dos ociosos.

BAUDELAIRE, Charles - O dândi; in: Sobre a Modernidade: o pintor da vida moderna. Organizado por Teixeira Coelho - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996

Leituras disse...

Na verdade, esta é uma bela ocasião para estabelecer uma teoria racional e histórica do belo, em oposição à teoria do belo único e absoluto; para mostrar que o belo inevitavelmente sempre tem uma dupla dimensão, embora a impressão que produza seja uma, pois a dificuldade em discernir os elementos variáveis do belo na unidade da impressão não diminui em nada a necessidade da variedade em sua composição. O belo é constituído por um elemento eterno, invariável, cuja quantidade é excessivamente difícil de determinar, e de um elemento relativo, circunstancial, que será, se quisermos, sucessiva ou combinadamente, a época, a moda, a moral, a paixão. Sem esse segundo elemento, que é como o invólucro aprazível, palpitante, aperitivo do divino manjar, o primeiro elemento seria indigerível, inapreciável, não adaptado e não apropriado à natureza humana. Desafio qualquer pessoa a descobrir qualquer exemplo de beleza que não contenha esses dois elementos.
Escolho, se preferirem, os dois escalões extremos da história. Na arte hierática, a dualidade salta à vista; a parte de beleza eterna só se manifesta com a permissão e dentro dos cânones da religião a que o artista pertence. A dualidade se evidencia igualmente na obra mais frívola de um artista refinado pertencente a uma dessas épocas que qualificamos com excessiva vaidade de civilizadas: a porção eterna de beleza estará ao mesmo tempo velada e expressa, senão pela moda, ao menos pelo temperamento particular do autor. A dualidade da arte é uma conseqüência fatal da dualidade do homem. Considerem, se isso lhes apraz, a parte eternamente subsistente como a alma da arte, e o elemento variável como seu corpo. É por isso que Stendhal, espírito impertinente, irritante, até mesmo repugnante, mas cujas impertinências necessariamente provocam a meditação, se aproximou mais da verdade do que muitos outros ao afirmar que o belo não é senão a promessa da felicidade. Sem dúvida, tal definição excede o seu objetivo; ela submete de forma excessiva o belo ao ideal indefinidamente variável da felicidade; despoja com muita desenvoltura o belo de seu caráter aristocrático, mas tem o grande mérito de afastar-se decididamente do erro dos acadêmicos.

BAUDELAIRE, Charles - O belo, a moda e a felicidade; in: Sobre a Modernidade: o pintor da vida moderna. Organizado por Teixeira Coelho - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996

Unknown disse...

Ó... Herme...
Lindo!

Depois sou eu que escrevo comprido! O Leituras (leia Irajá Meneses) escreveu comprido DUAS vezes e ninguém falou nada!

Emendou duas (dobles)...

é amigo da galera... só pode ser!

E o Rodrigao (sem apelido) veio com desculpa de que nao faz isso... e nao sei o que... mas que vai escrever comprido... e nem depois da campainha tocar ele parou de escrever! Ah...
vá, vá, vá vá!

E eu volto a perguntar?
Cadê a Anna!

Daí se eu escrevo meia dúzia de palavrinhas (poéticas...lógico!)o mundo cai na minha cabeça...

Né Hilde? "Vamô" combinar que a coisa tá feia pro meu lado!

Ninguém notou...mas eu fiquei deprê igual o Herme...

Falando em feio pro meu ladO?!? :)

Lembrei que estou com Blog novo!

Favor ir lá comentar:
http://passaradadeolaria.blogspot.com/

É isso mesmo! Voltei a fazer propaganda da minha pessoa e do meu blog! JÁ que é pra pagar mico que eu pague com classe!

Hilde... conta quantas linhas eu já escrevi... O Leituras-Irajá e o Rodrigao sem documento tao ganhando nao é???

E Herme... larga a mao de filosofar e chorar!

(senao eu vou cantar...e é lógico eu canto muito bem)

"Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora... e conta todas suas mágoaaasss para mimmmm"

Felicidade se comparte e tristeza com beleza é uma arte! (eu que fiz)

Bonito Dréia?

Herme... neder vai nos separar!

E você teve a sua chance...

Um abraço e nao quero ninguém jogando pedra no meu telhado... heim!

Beijao pra todo mundo...Hum! Voltei a ficar FELIZ!!!

Helayne (nao vou mais ser a Zebra)

Unknown disse...

Agora eu vou ser a moça "bonitinha" da figura ao lado...

Assim... imagem poética...lua...

O Leituras fez comentário "doble" eu também posso... tá!

E quem falar que eu combinava mais com a Zebra vai apanhar na próxima reecarnaçao do Buda.

Tchau

* Herme...lindo!:)

Andreia disse...

É, a Helayne tá de volta!

Imagina, se tivesse patrocinador pra comentário de blog, e ainda por cima contando por palavras, o Hermelino já ia fazendo o pezinho de meia com esse timão que ele montou! *rs*

É algo interessante, a Helayne desenvolveu todo um estilo próprio pra comentar no subterrâneo. De tudo que ela escreve, isso aqui é único, exclusivo pro Hermê! Na verdade, não sei por que, mas toda vez que eu vejo a Helayne por aqui, eu lembro do José Simão. Não é à toa que a coluna dele tem um linkizinho sagrado lá no 'Passarada'. Deve ser o 'muso' inspirador dela! :-)

Falando em 'Passarada'... Helayne, fia... desiste, viu! Eu já tentei, mas o hômi num vai de jeito nenhum, não tem propaganda que funcione, nem com reza braba!
Agora, se ele for lá no seu e não for lá no meu aí é porque você é "enchufada"!

Bom, vou indo que é pra dar um 'reload' lá na minha página porque acabei de notar que o contador de visitas parou no 666!!!

:-D

Hermelino Mantovani disse...

Esse Baudelaire é um chato de galocha (de quem será essa expressão perfeita, chato de galocha!?). Mas não é que é inteligente: se a gente perseverar, até que aprende umas coisas.

Adorei a frase do Stendhal que ele ciata: o belo não é senão a promessa da felicidade.

Pensei nisso esses dias, olhando uma árvore linda, florida, que vive aqui perto. A beleza da cena parecia me dizer exatamente isso: dá pra se feliz, se algo pode ser tão lindo, há esperança; a beleza da natureza é uma prova de que as coisas podem ser melhores, e por aí fui.

Helayne, que alegria ter seus longos dobles de volta. Hoje eu consegui ler os dois. Também, depois do doble Irajá-Baudelaire, você virou refresco.

Acho que não consigo parar com os dois ao mesmo tempo: de seu ponto de vista, o que eu devo parar primeiro, de chorar ou de filosofar?

Por favor, não precisa mandar um doble quilométrico para responder uma perguntinha simples.

E você tem razão: cadê a Anna? Será que deprimiu e deu uma sumidinha básica pra recarregar?

Qualquer hora entro no endereço de seu blog novo. Entrei esses dias no da Andreia (http://vagardevagar.blogspot.com/,
que está muito bonito, pra variar.

Ela postou, por exemplos, esses:

Vagar devagar... e divagar

"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra." (Mário Lago)

Andreia, como se faz as traduções automáticas? Que interessante. Também quero.

Andreia disse...

Ahhhh! Agora sim vc foi! Pelo menos a cabeceira do blog vc já conhece! rs hehehe

Brincadeirinha, viu! Você também tem o direito de não ir e não vir. Mas será bem vindo sempre que aparecer, isso com certeza. Obrigada pela visita ;)

Sobre o tradutor, posso te enviar o código prontinho pra colocar no blog. Amanhã envio por e-mail.

Abraço

Leituras disse...

Falhar. Falhar de novo. Falhar melhor.

Samuel Beckett, citado por Gerald Thomas, citado por Walmir Santos em resenha para Queen Liar na Ilustrada.

Essa foi curtinha, vai...

Unknown disse...

Primeira pergunta:

De onde vem a expressao "chato de galocha"?

SIGNIFiCAO:

Uma pessoa super chata. (nao é o meu caso)

HISTÓRICO:

Galocha já não existe mais. Eram uns sapatos de borracha que se punham por cima dos calçados normais para se sair na chuva. E sempre tinha um chato que entrava na casa da gente sem tirar a galocha e molhava tudo. Era o "chato de galocha". Vem do francês "chatô du galoche"

* Dreia ... olha o estilo ... francês...

É Leituras...eu sou duro na queda, tem que escrever muito pra superar a mocinha aqui!

Fonte: Eu copiei do...YAHOO RESPONDE! rsrsrsrsr :)

Yahoo!!!!

Fonte(s)de quem copiou quem:

http://www.marioprataonline.com.br/obra/...

Segunda Pergunta:

Filosofar ou chorar?

Espera... o telefone tocou!!!

Já volto.

:) rsrsrsrsrs

Unknown disse...

Chorar ou filosofar?


* Te respondo com um "rascunho" que fiz...

Pensamentos dialéticos: Eu X Eu.

De tese em prosa.
Introduzo em prólogo.

Afirmativo e operante.

Eu sou f e l i z!

E defendo-me.
Ser feliz nao é pecado.
E sem modéstia meu camarada lhe falo com todas as letras.
Quem assume tal sentimento é ser iluminado.

Pode estar desempregado,sem ilusao, com a corda no pescoço.
Mas, é feliz por opçao!

Felicidade é condiçao humana.
Um bem a ser zelado e
Muito bem cultivado.

Portanto, observe com cuidadinho.
Me encaixo com clareza no perfil relatado.

E continuo:

Tenho filhos encantados.
Família maravilhosa.
E uma cachorra com pouca pulga!

Por que deveria, Eu, ser infeliz?

Sempre fiz o que quis
Até os erros foram acertados.
E de fato perdoados.
Por mim. (Pessoa mais interessada na história que te conto agora)

Na vida nao levo nem trago mais ou menos amigos & inimigos que possa carregar!

Sou Eu o meio que me leva ao fim.
Meio caminho para o fim...

Porém, sou réu confesso.
Já me colei pelo avesso.
Em corpo já me fiz infeliz.
Eu sozinho. Acredita?

Miolo mole quando por outros quis me matar.
E pasme camarada com o que Eu vou te falar:Deixei.

Morri sem hesitar!
Ceguei meu entusiasmo.
Perdi o rumo do texto, fiquei sem pretexto.
Fui vítima de minhas próprias suposiçoes.

E Me feri ao perceber que de coitado e tal Eu nao tinha nada.
Nao!

Mas, deveria ser assim afinal.

Camarada que me ouve tao atento.
Teu nome é Epílogo neste momento.
E o resumo da ópera já chega a tempo.
Sim...acabou.

Síntese nua e crua.

Viver hoje com a intensidade da alma tua.
A felicidade está em você,

nao no outro da esquina.

Se Ama hoje.
Amar hoje.

Amanha, só existe na Literatura.

Psicologia de botequim funciona.
Vai por mim!

...Com uma pequena condiçao.
Você pensa em você e
Eu penso em mim.
Daí a gente troca

até o fim.


para você
de mim.

Você sabe mais do que eu a resposta. Chorar faz bem, filosofar também, mas, nao dá pra
esquecer de ser ou estar FELIZ nessa vida que é um "pulim".


Beijao.

Ps: Você por exemplo me ajudou a ficar feliz, é assim, um ajuda o outro!

Helayne

Gloria disse...

bom, já que o Hermê escreveu um texto com meia dúzia de palavras, nada mais justo o Irajá responder com um de trezentas. Além disso, o Hermê deu brecha para parafraseamentos (será que isso existe?)
Aí vai o meu.
Fama é ilusão testemunhada, acompanhada. Depressão é ilusão solitária.
Poderia ser o contrário: ilusão solitária, íntima. E ilusão acompanhada.